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Foto do escritorHelaynne Sampaio

Salve o meu axé, Obá Aganjú é Xangô!


É tradição o Ilê Obá Aganjú Okoloyá movimentar a sua comunidade para celebrar tanto os egunguns quanto todos orixás, especialmente, Xangô Aganjú, Oxum Sandidê e Oyá Gigan da nossa Ìyálorixá Amara Mendes (Oba Mejí), iniciada no candomblé aos 7 anos. Também é tradição celebrar Ògún Tayo, Oxum Ipondá, Oxaguiã Olabomaxó, orixás do nosso Bàbá Nelson Sampaio (Ògún Jobi – awô), e Oyá Bamilá e Xangô Obakossô, orixás da nossa Ìyákekerê Maria Helena Sampaio (Oyá Tundê), minha mãe, nascida e criada dentro do terreiro.


15 de setembro de 2000, 06h da manhã, acordei dançando, cantando e sorrindo ao embalo dos fogos que vibravam, celebravam e entoavam a chegada de Xangô em terra. Eu tinha 08 anos. Conhecida como uma omoorixá criança “obi” porque sempre coloquei o candomblé em primeiro lugar, ele é a minha maior inspiração e fortaleza, portanto, sigo firme cada ensinamento e orientação das minhas zeladoras, dos orixás e egunguns independentemente da situação e enfrentamento.


O mês de setembro sempre foi especial para mim, primeiro por ser o mês que vovó iniciou Ìyàwô e segundo por ter nascido nele. Vovó se iniciou no dia 15 e nasci no dia 16. Desde então, vovó recolhe em setembro para os seus orixás e finaliza esse ciclo com um toque abundante em termo de alegria, saúde, prosperidade e paz. São 88 anos dentro do candomblé, 82 anos de Ìyàwô e 75 anos de Ìyálorixá no seu Ilê Obá Aganjú Okoloyá.


No ensejo acolhemos importantes personalidades do candomblé em nossa comunidade. Eu adorava conversar, escutar as suas histórias, aprender e cuidar delas. Semana alegre e farta em termo de trocas de saberes ancestrais e de comida também porque na casa do Oba Aganjú é sempre assim.


Ajudei mãezinha que sempre administrou com vovó cada detalhe do terreiro, dentre eles o toque. Sua intervenção madurecia conforme sua idade. Ela sempre foi uma mulher firme, corajosa, ativa, independente e que pensa no coletivo e respeita a singularidade de cada ser. Ela e vovó são as minhas maiores referências, não apenas por serem sangue do meu sangue, mas por serem mulheres de fibra e de um coração gigante que acolhe com seu amor maternal cada ser independente de sua raça e classe social. Mesmo passando por turbulências elas sorriem, abraçam e cuidam de quem chega. Amo as senhoras! Obrigada por tudo!


16 de setembro, toque de Aganjú com o presente de Oxum Sandidê e o meu bariká. Nesse dia acordei emocionada e agradecida por tudo. Fui ao Peji saudei os orixás em seguida os egunguns e caminhei até os meus zeladores pedi benção, recebi abraços, beijos e palavras afetuosas que carrego até hoje.


Os preparativos do toque floresciam sob a coordenação de mãezinha que deixou tudo muito aconchegante e todos encantados com a beleza do toque. Ela também encomendou um lindo e delicioso bolo para comemorar o meu bariká com toda comunidade, e eu fiquei como? Flutuando como Oyá Bamilá! Eparrei!


O bolo de Xangô, Oxum e Oyá também estavam lindos e deliciosos. O Iroko, (arvore orixá) e o Dendezeiro vestidos de branco. O terreiro iluminado com gambiarra. As gramas cortadinhas. O salão decorado nas tonalidades das cores tradicionais do Ilê com flores e cortinas. Os ilús vestidos de encarnado e branco. O mariwô de Ògún, nosso escudo, também se fez presente como manda a tradição Nagô de Pernambuco. Ogunhê!


As (os) omonilês vestidas (os) nas cores do rei e das rainhas. No Terreiro de Mãe Amara é tradição confeccionarmos um axó padrão para os toques dos orixás, especialmente para os toques dos orixás que regem o axé do Ilê.


Exceto as (os) omoorixás de Orixalá que só tem a sua permissão de usar axó em tons de branco, em sua devoção, no entanto, existem exceções, onde omoorixás de Orixalá tem a sua permissão de vestir algumas peças do axó em qualquer cor, porém o pano de cabeça precisa ser confeccionado exclusivamente em tons de branco. Èpa Bàbá Funfun!


Nessa época os toques adentravam na madrugada, a parte religiosa se iniciava entre 22h e 23h e terminava mais ou menos às 08h do dia seguinte. Em seguida começava a parte cultural, com muito afoxé, coco, maracatu, samba-reggae, dentre outras práticas fundadas na diáspora africana. A gente cantava, dançava, tocava e comia o banquete do rei. Kawô Kabiesile!


Logo, o toque de Xangô foi mais uma vez lindo e emocionante. Aganjú e os orixás em terra, dançando e abençoando todos com o seu axé. A gente dançando junto e cantando “Salve o meu axé, axé mi, axé miô, salve o meu axé, Obá Aganjú é Xangô”. Bati cabeça para cada orixá, agradecendo por mais um ano de vida com saúde.


“Axé e Ancestralidade Nagô!”

(Ìyá Maria Helena Sampaio).

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