Quem me conhece ou já fez minha aula provavelmente presenciou o meu discurso sobre a trajetória da minha militância com a dança ajô nagô e a educação, assim como, tento através dela atuar na promoção do respeito à diversidade cultural e da equidade racial, social e de gênero, buscando sempre exaltar os momentos de fortalecimento e de empoderamento das contribuições do povo negro em nosso estado e país. Nesse sentido gostaria de dedicar aqui algumas palavras para esclarecer sobre o significado da expressão AXÉ, a qual muitos me perguntam o significado.
A referida expressão se entrelaça com as minhas raízes ancestrais africanas e com a minha vivência do candomblé, pois nasci e cresci dentro da cultura e tradição Nagô.
O Ilê Obá Aganjú Okoloyá (datado de 1945) é a comunidade de terreiro onde apreendi a expressão AXÉ e neste texto me refiro ao seu significado religioso e seu uso para evocar e saudar aos orixás e egunguns dentro das comunidades de terreiro como poder de realização.
Os omoorixás vinculados as manifestações artístico-culturais também costumam usar a expressão AXÉ antes de se apresentarem como forma de conexão com os orixás e a sua ancestralidade, pedindo a sua benção, sorte e proteção. Outro uso é como uma forma de interjeição, quando notificados com uma notícia linda, alegre e positiva, expressando satisfação e felicidade.
Apesar de o uso de palavra ser algo livre, acho importante a conscientização das pessoas a respeito da etimologia das palavras provenientes da cultura negra ancestral, preservadas dentro das comunidades de terreiro (berço da luta e da resistência negras) como forma de combater os preconceitos ligados ao seu uso.
Sobre essa imagem do espetáculo Ení: Pé de Dança Nagô do Balé Nagô Ajô (criado por mim) em sua apresentação no Amalá de Xangô: O Banquete do Rei, tradição do Ilê Obá Aganjú Okoloyá, reconhecido pelo Prêmio Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, promovido pelo IPHAN, representa toda nossa fé e devoção ao AXÉ dos Orixás e Egunguns.
“Axé e Ancestralidade Nagô!”
(Ìyá Maria Helena Sampaio).
Bença minha madrinha!!! Lindo texto!! Excelente explicação e ensinamento sobre nossa religião!!!